quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cuidado com o que você deseja.

Não sei que dia é hoje, estou meio perdida desde o natal.
Já faz três anos que não volto a minha terra natal e agora tenho a possibilidade de ir, e neste meio tempo a duas semanas não vou à psiquiatra. Acho incrível como tenho a capacidade de AINDA me sabotar nos momentos mais delicados.
Eu queria muito voltar. Não a cidade da minha família, mas onde passei a maior parte da minha adolescência, sinto aquele lugar mais minha casa que o que seria "minha casa".
Agora diante das possibilidades iminentes de encarar tudo paralisei claro, vim quase que fugida, me deparei com o diagnostico de ser bipolar, cortei os laços afetivos com os familiares menos próximos e os mais próximos (tenho meus motivos), e do dia para noite depois de um ano pedindo não para ir ao seio da família e sim a casa de uma tia, me mandam diretamente ao seio familiar.
Onde tenho que enfrentar tudo, tudinho que deixei e trouxe comigo, meu passado bate a minha porta e eu me deito, me encolho e batalho comigo mesma me dizendo, - você pediu cuidado com o que deseja! -seja forte, é hora do exame final, levante e viva!
Como sei que estou no meio de um episódio não severo espero a próxima consulta e toma o meu remédio de "socorro" um estabilizador de humor potentão que divido por quatro e me deixa lúcida, porém morta de fome e de sono, visto que eu sou mais do tipo hiperativa.
Mas o que me amedronta em voltar, em síntese, é o ambiente, não as pessoas em si, mas o ambiente, eu me pergunto se terei controle, força, auto-educação suficiente para agüentar a barra e controlar meu gênio e lidar com o ambiente onde vou estar.
O ambiente saudável para um bipolar é um fator super importante!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um dia De Madrugada...

Encontrei essa "imagem" solta aqui no computador, sem data, sabia que um dia iria fazer um Blog então resolvi publicar, é sempre bom ver como agente dá  três passos pra frente e dois para trás!
Então, o CDRW continua sem funcionar pois não tenho o código de ativação, e a canetinha faz papel de mouse quando o mouse não funciona, ainda não encontrei outro uso para ela sem o CorelDRW!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

MÃE QUE É QUE TU QUER?

Ohh Senhor!
Já é difícil ser uma pessoa medicada, que tenta manter o humor equilibrado, ser money dependente dos pais, desempregada, e ainda por cima ter que se controlar com sua mãe, que é todo um anjo, diga-se de passagem, porque ela não pode te ver no computador, não te pode ver abrir a porta, não pode ver você fazendo N-A-D-A que pede sua ajuda!
E mesmo que eu tenha lavado todos os pratos da casa, limpado os banheiros, dado banho nas cachorras, lavado três maquinas de roupa, não é suficiente! Então eu pergunto; MÃE QUE É QUE TU QUER?
Não que eu negue ajudá-la com seu Orkut, Facebook, ou até lhe explicar um milhão de vezes que copy and past não servem para a foto do dekstop, mas realmente garera tem horas que mesmo depois de anos de terapia me dizendo “minha mãe é assim e não vai mudar, eu te aceito mãe”.
 Dá-me vontade de sair pela casa gritando, só isso, gritaaaaandoooooo!!!
MÃE DEPENDENTE É FODA!

Ebulição Criativa Noturna

Devido a circunstancias da minha vida fui obrigada de certa forma a começar as coisas e não terminar, outras simplesmente por falta de interesse, por isso ganhei o rotulo de uma pessoa que começa as coisas e não termina.
Claro que isso no começo me deixava muito deprimida ou irritada, mas depois consegui sobrelevar.
Quando comecei a me estabilizar e ainda entrava em mania severa tinha pensamentos de grandeza, “vou fazer isso, aquilo e etc.”, eram coisas viáveis, mas tomavam proporções imensas na minha visão.
Claro que no fim das contas o máximo que eu fazia era começá-las. Então percebi que deveria pensar nas coisas em longo prazo e não perder uma noite de sono caindo na ansiedade do que iria “realizar” no dia seguinte, pois não haveria dormido pensando no que iria fazer e em conseqüência não realizaria os tais planos e cairia em depressão por ter tido uma idéia maravilhosa e não tê-la feito.
Comecei então a controlar a ansiedade, quando deitava para dormir e começavam a vir àquelas idéias ótimas e eu a rodar na cama pensando como seria maravilhoso meu futuro eu dizia a mim mesma “para, para! Dorme, e amanhã você faz uma coisa de cada vez porque tempo, tens de sobra.”.
E assim, com o passar do tempo, fui fazendo uma coisinha aqui, outra ali, e não eram tão mirabolantes assim, mas em seu conjunto me muniram de uma coisa imprescindível: paciência e segurança.
Quando deixei de pensar que as coisas tinham que acontecer de forma imediata e que precisavam de um tempo próprio cada uma comecei a fazê-las.
Como sou humana e não quero perder minha fama ainda começo coisas e não termino. Mas pelo menos não passo a noite acordada transbordando em ansiedade porque minha cabeça está em ebulição criativa. 

Vamos Tentar Não Surtar?

Eu estive lendo outros blogs sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, tanto de médicos psiquiatras quanto de bipolares, e todos tem uma coisa em comum: nenhuma fala sobre as pessoas estão tendo melhorar, ou como o paciente deve tentar fazer um esforço para tal.
Senti a todos submergidos na doença e se esbaldando nela.
Pessoal vamos dar um basta nisso, por favor?
Tudo bem que relatar nossos problemas cotidianos é bom, é uma terapia, mas um pouco de otimismo faz bem. Não me refiro a sair por aí tendo mais um episodio de mania para depois voltar a um estagio de medicação pesada, mas sim tentar ao poucos ver as coisas por outro prisma!
E outra coisa, tem sim, muito profissional da área que quer ajudar, mas também tem muitos que gostam de se aproveitar dos casos mais negativistas para suas pesquisas, eu não quero ser cobaia de alguém assim, você quer? E não, não é mania de perseguição, disso eu não sofro.
Apenas acho que se concentrar no lado negativo (e olha que são muitos) da doença não de forma errada não ajuda a melhorar ninguém, então um apelo, quem quer melhorar, por favor!
Concentra-se, respira, conta até dez antes de soltar aquele grito, antes de deitar na cama para não sair mais, antes de abrir a boca pra reclamar da vida e reflete um pouco, está tão ruim assim? Ou é você mesmo que ta pintando o céu de cinza e não percebeu?
Surta não galera!
Mas se surtar (prefiro a palavra episódio), tem problema não, da próxima vez você consegue, é tudo uma questão de prática, essa leva meses...


Foto: http://cureanxiety.com/
Cure Anxiety

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Tal Diagnostico...O tratamento e o O caminho


Quando, depois de passar pelas mãos de vários “profissionais” da área de saúde mental, finalmente voltei ao país onde originalmente comecei a tomar remédios, com a cartinha em mãos do psiquiatra que me atendia voltei à psiquiatra que me atendeu por primeira vez, e comecei a fazer uma bateria de testes com um psicólogo – esclareço, é importante separar o atendimento psiquiátrico do psicológico, a eficácia do tratamento e seu resultado são muito mais rápido isso também inclui a sua cooperação e a da sua família, só melhora quem também está disposto, o remédio faz 50% os 50% restantes é conosco!- e fui diagnosticada como Bipolar por assim dizer, vulgarmente, do tipo inofensivo, na época, agora faz três anos, estava em estado de choque, portanto para mim dava no mesmo.
Fui submetida à terapia intensiva, seção com psiquiatra uma vez por semana para controle e estabilização dos medicamentos, e às vezes até duas vezes por semana com o psicólogo para terapia, a qual eu mesmo com a férrea decisão de melhorar inconscientemente me sabotava e faltava umas quantas vezes.



O meu primeiro ano como “bipolar” realmente foi totalmente sem noção, eu dormia muito devido aos remédios, passava muito tempo quase que dopada, não me preocupava com o que as pessoas iam pensar com o fato de eu estar tomando toneladas de remédios, eu queria me curar e isso era o importante para mim, mas, mais importante ainda, eram a raiva e a magoa que eu tinha dentro de mim pelos motivos que tinham me levado até aquele estado.
Superar aquela questão foi o passo principal para melhorar, o seguinte foi começar a reduzir os remédios descobrindo pequenos prazeres que eu poderia me proporcionar.
A realidade não é fácil quando seu mundo desaba e tudo aquilo em que você acreditava era uma mera ilusão, porém por mais brega que isso soe, até dou risada por dentro ao escrever isso! Sempre há, e sempre vai haver um novo começo, e o novo começo para mim foi quando eu me permiti me despojar de tudo aquilo que tinha sido para começar do zero e me reconstruir.
Eu queria melhorar, eu sabia que podia, uma força dentro de mim dizia que eu era forte e sempre havia sido e não seriam meros receptores falhos em meu cérebro que iriam me derrubar.
Meu primeiro ano terminou, e eu havia engordado 15 kg, perdido toda minha auto-estima, me desfeito dos vínculos familiares, e ainda tinha muita raiva para colocar para fora. Exceto pelos meus pais e meus irmãos, eu estava completamente sozinha. E era por opção. Eu não agüentava mais escutar que era afoita, impetuosa, que minha risada era alta, enfim, coisas pelo estilo.  
Passei Natal e Ano Novo frustrada, comecei a não gostar destas festas, até hoje não gosto, geram em mim expectativas que não sei controlar e terminam me deixando triste e frustrada por não poder atinar meus ímpetos.
Minha meta no ano seguinte foi a de encontrar certo equilíbrio, experimentar voltar a trabalhar, tentar manter uma rotina com o sono, e claro, reduzir ao mínimo os remédios. Foi uma proposta difícil. Tive que enfrentar desafios que de longe e para uma pessoa “normal” parecem efêmeros, mas houve momentos em que me encontrava pela casa sem saber onde sentar, aonde ir, onde me localizar, e caia em prantos descontroladamente escondida em algum lugar da casa.
Passava semanas onde meu sono era regular, dormia a noite e acordava de dia, logo voltava à rotina notívaga, saia de um processo super produtivo e entrava em um completamente vegetativo. Houve dias em que não conseguia dormir em minha cama e outros que não conseguia sair dela.
Foi quando comecei a me observar e a prestar atenção em mim e a me calcular; ia à psiquiatra e lhe dizia “esta semana estou assim ou assado, não quero ou quero tal remédio para dormir”, “não penso que haja necessidade mais de que eu tome tal remédio duas vezes ao dia, que tal se agente experimentar?”, então, me observando, conversando e pedindo permissão à minha psiquiatra ao longo do segundo ano fui conseguindo reduzir os remédios, de sete, a três.
Agora eu tinha o controle, desde o principio com os remédios, a regra era: independente da hora em que se durma ou acorde, se sente bem ou não TOME! Eram dois anos seguindo a risca algo que supostamente duraria cerca de oito meses. Quem era eu para questionar?
Passei o melhor Natal e Ano Novo, sozinha!! A família viajou e eu fiquei me remoendo com a cachorra, mas, realmente, foi muito bacana ter ficado sozinha!
Agora vinha o maior desafio, com menos remédio a responsabilidade era maior, eu havia conquistado uma grande independência, pois quando voltei a viver com meus pais estava muito mal e eles me colocaram em uma redoma de vidro e tudo para eles era culpa da doença, agora minha missão era saber separar minhas atitudes dos sintomas da doença e transmitir isso aos meus pais, a tarefa que eu tinha pela frente não era fácil.
A primeira coisa que eu fiz foi juntar informação que eu já havia recolhido sobre mim mesma nos último ano, como era meu comportamento, minhas reações, e logo me lembrar de como eu era antes do choque que eu sofri, foi então que eu conversei com meu psicólogo e lhe pedi umas férias, realmente eu só voltei a vê-lo uma ou duas vezes a pedido da minha mãe que ainda confunde tensão pré-menstrual com episódio bipolar...
Bem, continuando, pedi um “time” ao meu psicólogo, pois realmente não agüentava mais falar sobre quantas vezes tinha piscado por dia.
Flagrava-me em meio a ímpetos, em meio a momentos de completo descontrole, e assim me freando, me vigiando, me controlando, e às vezes de saco cheio de tanto autocontrole forçado mandava tudo pra PQP e ia para meu cantinho pensar em como a vida era ruim e  recuperava as energias, ou não, passava uma semana na cama sem vontade de nada nem de que ou quem, e dizia apenas: faz parte, vai passar!
Com o passar dos meses eduquei minha mente, me desfiz dos costumes “bárbaros”, da risada descontrolada, da agitação desmesurada, da tristeza sem motivo e ganhei uma lucidez digna de um prêmio que nunca ganhei. A não ser a satisfação pessoal de dizer a mim mesma “bem, metade do caminho eu já trilhei!”.
Então há uns dois meses eu convidei meus pais para virem comigo a minha sessão com a psiquiatra e lhes comuniquei que estava estável, - êpa! Calma, muita calma nessa hora garera! Geralmente um paciente quando corretamente diagnosticado bipolar leva no mínimo quatro anos para se estabilizar, e tomando lítio o que não é meu caso, além do mais eu ainda tenho muita coisa pela frente, tipo, conseguir um emprego, sair de casa (outra vez), independência financeira e etc. - bem comuniquei aos meus pais que eu estava estável, o que não me exonera de uma ou outra caidinha na cama ou uma noite insone por ansiedade, coisa que acredito seja por falta do que fazer.

Lembre-se sempre, se você não se ajudar primeiro, a ajuda que te derem não vai fazer efeito!

E No Principio, Foi o Fim... Parte I

Minha vida deu realmente muitas voltas.
Para compreender meu padrão será necessário que eu conte um pouco da minha história.
Vivi em várias cidades, alguns países, nenhuma casa que realmente tivesse sido minha.
Era sempre a prima, a sobrinha, a parente que morava no quartinho e lavava os pratos e fazia média até pular para outra casa, outra parenta.
Não posso reclamar, apesar de ter tido uma infância discriminada, também fui muito capeta e vivi no mundo da fantasia e mergulhava em meus personagens e sonhos, também fui muito feliz entre os altos e baixos da minha mãe e minha avó, com quem vivíamos.
Então um dia, minha mãe casou e fomos viver todos juntos. Finalmente éramos uma familia, figura paterna, mãe-dona-de-casa, eu me dedicava apenas aos estudos, meu irmão mais novo vivia uma adolescência "pseudo rebelde". 
Até que, em palavras da minha primeira psicóloga, a qual eu mesma tomei a iniciativa de começar a ir, por suspeitar que algum dia precisaria, do que naquele momento então eu tanto lhe falava e ela me fazia separar literalmente, o joio do trigo, quem me disse que eu necessitava de "piso", confesso que demorei anos para entender, mas entendi.
Meu padrasto foi promovido e tivemos que nos mudar, tive que deixar meu pequeno paraíso e foi quando minha primeira psiquiatra me convenceu de que os remédios eram temporários e que naquele momento, fazendo uma metáfora, eu estava com um braço quebrado e precisaria engessar e por alguns meses ficaria com ele imobilizado, logo tiraríamos o gesso, no caso, os 20 mil comprimidos de ultima geração que ela me passou, e que no HGE do Brasil foram substituídos pelos basicões  do SUS, me renderam várias manchas roxas pelo corpo de tanta falta de equilíbrio e de noção de espaço, até que alguma parenta se deu conta de que eu estava drogada e não medicada.
Neste meio tempo eu já tinha me mudado três vezes. Legal né? Ainda mais quando se trabalha em Shopping Center e se tem que  parar de estudar porque ou se come ou se estuda. 



Mas vamos lembrar sempre, não se faça de vítima, não seja vítima, e nunca use como desculpa a sua doença, porque além do mais se você tem pena de si mesm@ é o pior mal que pode ocorrer.
A segunda regra fundamental para quem não está bem e precisa de ajuda é saber pedir, ou seja, verbalizar, dizer, "eu não estou bem, preciso de ajuda", colocar o ego de lado, e sim, pedir ajuda, isso colegas é fundamental.
Ou seja:
1. Não se faça de vitima pois você será a sua própria vítima;
2. Peça ajuda quando não estiver bem, as pessoas além de se sentirem úteis irão te dar um help!
3. Usar o fato de ser Bipolar, Depressivo ou afins como desculpa para qualquer coisa em sua vida invalida o nro. 2!
 No próximo post espero poder falar sobre o tema de forma mais especifica, mas tenho muita coisa para contar! 
Abraço espero que comentem, critiquem e ajudem!